Desculpem meus amigos argentinos mas confesso que tive medo:
em 2012, em minhas férias de inverno, um dos passeios que queria fazer era ao
Museu de Aeronáutica localizado na Base Aérea de Morón e deveria ir de trem,
saindo da Estação do Retiro, ir até o Once e depois até a estação de trem, chegando
até o museu, de ônibus. Tinha as minhas preocupações em relação ao trem,
principalmente ao chegar e sair da estação do Once, já que estava vivo em minha
memória o terrível acidente que vitimou 51 pessoas.
Isso sujeitou à minha namorada a dar a maior prova de amor
que uma namorada que mora ou é buenairense pode dar a um namorado: ir à Morón
de ônibus. Façamos justiça ao coletivo: era confortável mas à partir de Palermo
(creio que era Palermo ainda) percorremos uma boa parte desse lado portenho e
confesso que percorremos lugares onde não chegaríamos por outras vias como
Liniers e o Estádio do Velez Sarsfield, La Matanza e finalmente Morón , onde,
tendo descido na Base Aérea, descobrimos que havia mais 300 ou 400 metros à
percorrer.
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El Angel de Morón |
Não nego a tensão misturada ao interesse das estações que se
sucediam , uma atrás da outra até que na estação de Caballito, lembro-me muito
bem, entrou uma pessoa no trem e distribuiu um pequeno papelzinho com um anjo
da guarda e como sou alguém que costuma atribuir significado às coisas que me
acontecem,
senti aquele anjo como se viesse para confortar-me em angústia, abreviar-me a ansiedade e indicar-me que , de alguma maneira, tudo iria bem.
senti aquele anjo como se viesse para confortar-me em angústia, abreviar-me a ansiedade e indicar-me que , de alguma maneira, tudo iria bem.
O rapaz, creio que era um rapaz, passou recolhendo a “contribuição”
devida e dei uma moeda de dois pesos, pouco eu sei, no entanto não iria
devolver o meu anjo da guarda já que, mais de uma imagem, quando nos colocamos
sob a proteção de um emissário de Deus, ele nos pertence e bem assim diz a
oração no verso do papelzinho que está reproduzida nesta postagem.
Chegamos ao Once, desembarcamos já na noite portenha e
senti-me em paz em um primeiro momento e , em outro, pensando que seria muito
sacana de minha parte atribuir ao meu anjo a minha chegada em segurança já que
pensar que ali faleceram 51 pessoas e , em um segundo acidente, machucaram-se
mais 80, restaria perguntar se os anjos deles estavam cochilando ou não
existem. Quem crê, como eu, sabe que eles
existem, nos inspiram e protegem mas não podem evitar os desígnios da vida.
Desde então o “Angel de Morón” habita minha carteira, meu
coração e minhas lembranças de dias felizes que esperamos que voltem a
acontecer no futuro. Amém!