quinta-feira, 12 de julho de 2012

A Música Popular Brasileira com toque argentino

Quando comecei esse blog, mencionei que em uma postagem iria dar um "toque" acerca da participação argentina na Música Popular Brasileira e também no Rock. Comecemos pela parte MPB.
Em 1967 a ditadura militar já grassava em terras brasileiras fazendo que por 3 anos estivéssemos com a vida cultural amordaçada e já se avizinhava os anos de absoluto chumbo, com a radicalização que se seguiria depois.
Nesse contexto, tudo o que parecia americano era rotulado como abjeto e representante dos patrocinadores de um golpe que sangrava e iria sangrar o país por 21 anos. Na música, óbvio, esse asco não poderia deixar de ser considerado apesar de terem cometido o excesso de uma "Marcha contra a guitarra elétrica", o que era justificado em um momento de resistência e de afirmação de uma alternativa brasileira e depois latino-americana.
No entanto, no 6o. Festival da Música Brasileira em 1967, um compositor e cantor baiano (santa Bahia), veio agitar com a música "Alegria, Alegria", com guitarras, orgão, bateria e contrabaixo, sim , ele Caetano Veloso que agitava a platéia como se pode ver no vídeo abaixo, extraído do  Youtube.



E aí, a Argentina e seus músicos entram na história. Ah! Cumé??? Tá louco, Zé?
Não! Se você não conhece essa história, o grupo que acompanha Caetano chama-se THE BEAT BOYS que surgiram como um grupo de Jovem Guarda no começo dos anos 60 em São Paulo e tinham como músicos o brasileiro Marcelo Frias (bateria) e os argentinos Tony Osanah (guitarra e voz), Cacho Valdez (guitarra), Toyo (órgão) e Willie Verdager (baixo). 
Nessa época eu tinha apenas 3 anos de idade mas é inacreditável como eu lembro dessa música. Além de imitar Roberto Carlos com minha guitarra de cordas de nylon, também lembro-me muito bem em ouvir "Alegria, Alegria" a companhia da Edna, a empregada lá de casa. Além dos Beat Boys, o festival foi marcado pela presença dos Mutantes e Gilberto Gil com "Domingo no Parque"
No entanto, a presença dos músicos do Beat Boys na música brasileira não se esgotou no grupo em si. Tony Osanah participou do legendário grupo "Raíces de América" que era muito conhecido por minha geração 70/80, além de tocar com expoentes como B.B. King.
Willy Verdaguer , maestro e baixista participou brilhantemente do primeiro e melhor LP dos Secos & Molhados sendo que ouvia com muita atenção quando me aventurei, ainda que brevemente, na tentativa de "domar" o contrabaixo.




Muitos outros músicos argentinos se destacara em grupos brasileiros e para minha surpresa, Norberto "Pappo" Napolitano tocou no Patrulha do Espaço e Vinícius gravou legendário LP no Café "La Fusa" em Buenos Aires. Isso é assunto para outra postagem. até lá!

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