sexta-feira, 4 de maio de 2012

Malvinas , 30 anos: recuerdos personales


Nenhum blog que trate sobre a Argentina, ao menos no viés desse, pode deixar de abordar o aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas acontecida de 02 de abril a 14 de junho de 1982.  No entanto, à par de minhas convicções, não gostaria de discutir questões de demandas que por mais que sejam afetas ao continente, o são principalmente ao povo argentino.
Gostaria de começar a minha abordagem por um fator que me une de maneira muito significativa, ao conflito: a contemporaneidade.
No ano da guerra, completava 18 anos, ou seja, estava sujeito à conscrição, algo semelhante ao COLIMBA argentino, de nada saudosa memória. O meu contato com a guerra surgiu de um trajeto pessoal mas também de algo que pode ser atribuído ao destino, ao menos para quem acredita nele: através de uma coleção de livros fartamente ilustrada acercada da Segunda Guerra Mundial que existia na biblioteca da então Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. Jorge Coury” em Piracicaba , São Paulo, capitaneada pela inesquecível Dona Bernadete, lugar onde tomei mais ainda o gosto pelas leituras, isso aos 14 para 15 anos de idade.
Confesso que tinha uma visão ingênua e até romântica da guerra que viria a ser rompida em pouco tempo sob a batuta de outro professor querido, Sérgio Desiderá. Para mim, o soldado era, sem distinção, um herói, alguém que tomava a vida nas mãos e lutava pela honra e pala glória sua e de seu país. Não me passava pela cabeça que aqueles soldados podiam ser vítimas de governante inescrupulosos e sem qualquer contemplação por sacrificar vidas alheias para  que atingissem seus objetivos.
Só sei que em um contexto desses, a explosão da guerra representava o desafio de um David a um Golias, ou seja, pessoas como nós, sul americanos, a desafiar o gigante imperialista inglês.
Soldados Argentinos nas Malvinas: respeito
aos que lutaram
Para minha mãe, era um momento de inquietude: quanto tempo duraria a guerra? O Brasil estaria envolvido? Enviaria tropas? Meu filho estaria conscrito na época? Poderia ser mandado para lutar ao lado dos argentinos? Enfim, nenhuma das teses seria confirmada mas foi o suficiente para colocá-la alerta, com razão.
Só sei que na outrora confiável Veja, foi publicado um mapa das ilhas e à partir desse desenho fiz uma "cobertura jornalistica" com o desenho e texto da evolução das tropas à partir dos informes precários de que dispúnhamos e publicávamos no jornal do colégio.
Foi ali que recebi meus primeiros elogios e estímulo para ser jornalista algo que não levei para a frente por questões outras que não vale mencionar aqui.
Só sei que com a derrota o encanto foi escasseando e passou a ser uma página do passado. A quebra desse esquecimento foi a visita ao Memorial da Praça San Martí em B.Aires. O choque de quando se põe nomes e quantidades às placas somou-se à palavra "Conscripto". Ali poderiam ter se concretizado os temores de minha mãe, se fosse algo mais velho. É uma experiência chocante e que me faz remorar que na guerra não há nada de glorioso e deixa marcas indeléveis na vida de todos como veremos mais à frente em outra postagem.
No entanto, não posso deixar de respeitar o sacrifício de todos os que estiveram em um conflito desnecessário e estúpido mesmo considerando a significância da causa. 
Na minha vida as Malvinas serão inesquecíveis!



Nenhum comentário:

Postar um comentário