quinta-feira, 31 de maio de 2012

Notícias argentinas: Mulheres no comando!

Não seria nenhuma novidade se falássemos de Cristina Fernadez de Kirchner, presidenta da nação. No entanto, nesse caso, trata-se da tripulação da Austral, empresa regional da Aerolineas Argentinas que realizou seu primeiro vôo com uma tripulação exclusivamente feminina,no vôo 2454  para Salta.
Compunham a tripulação a comandante Ana Maluff, copiloto Nuria Estévez, chefe das comissárias Ana María Sabijak e comissárias Mariana Burguete e Florencia Bringas Agherreberi. Abaixo, uma foto da equipe que fez história na companhia estatal da Argentina.


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Se você pensa que porque está em Buenos Aires vai perder as festas juninas, está enganado!!!


E tem direito à forró! 

Las fiestas juninas son fiestas tipicas de Brasil debido a la influencia da Iglesia Católica. Los festejos que ocurren en el noreste Brasileiro son famosos y la musica tipica es el "forró", mundialmente conocido.
En mi ciudad el 13 de junio , dia de San Antonio, es la fiesta del patrono de ciudad que ocurre en la plaza cercana de la Iglesia central.


terça-feira, 29 de maio de 2012

Messi : assim que tudo começou...


Um interessante vídeo do começo da vida desportiva de Lionel Messi. Quando chamam o jogador argentino de "Pulga" logo se vê o porquê. Vejam o número 10 de azul! O gol que faz já mostra que genialidade vem desde cedo.




sábado, 26 de maio de 2012

Fútbol Argentino: Pura passión!

Não precisa escolher muito, pode ser o Boca Juniors, o River Plate, o Velez Sarsfield, Rosário Central, Argentino Juniors seja qual clube seja, o jogo de um clube brasileiro contra um argentino significa uma partida dura, "pegada", com muita raça e empenho por vencer, tanto de um lado como de outro.
Achava-me um "hincha (1) " fanático, membro de uma "hinchada (2)" que não tem à toa o nome de "Fiel" , um louco de um bando sem igual no mundo. Tudo bem, sou isso mas encontrei um país onde o fanatismo e a torcida por seu clube chegam às raias da loucura absoluta.
Outra coisa: se você acha que Galvão Bueno é o cúmulo do absurdo em termos de uma narração passional com o Flamengo dele, você não sabe (ou ouviu) da missa um terço.
Quer um exemplo? Nesta quarta-feira, dia 23, aconteceu um jogo entre Boca Juniors e Fluminense, cujo placar de 1 x 1 decretou a classificação do esquadrão Xeneize  (3) para a semi-final da Copa Libertadores de América. Pois bem, o narrador Walter Saavedra cometeu a narração que parece um discurso de político inaugurando obras sociais, exaltando o time dos humildes, dos que comem pão duro e tomam mate, dos que passam frio e andam pelo barro e por aí vai. Duvida? Pode ouvir aqui e confira.
Ser passional é uma característica do argentino, não apenas do portenho e no futebol é que isso se evidencia mais fortemente  e não apenas de modo positivo (como não acontece também no Brasil) através das chamadas "barra(4)  bravas" que vem provocando distúrbios que redundaram em morte sendo que têm uma grande participação na vida do clube a que torcem.
Na Capital Federal, existem , se não estou equivocado, seis clubes: Argentinos Juniors, All Boys, Boca Juniors, San Lorenzo, Velez Sarsfield e River Plate. Pelo que você vê, é bom manter até numa lista o Boca Juniors e o River Plate separados tanta que é a rivalidade.

OS TEMPLOS DO FUTEBOL ARGENTINO

Monumental de Nuñez
Inegavelmente, existem dois estádios que resumem muito da paixão futebolística: o Estádio Alberto J. Armando, conhecido como "La Bombonera" no bairro de La Boca, Avenida Brandsen e o Estádio Monumental Antonio Vespucio Liberti que apesar de ser chamado "Monumental de Nuñez" , situa-se no bairro buenoairense de Belgrano, respectivamente a casa do Club Altletico Boca Juniors e  do Club Atletico River Plate.
Apenas vi o Monumental do avião que estava logo ao lado da asa direita do Airbus das Aerolineas Argentinas que desceu no Aeroparque Jorge Newberry (Aeropoarque) quase no centro da capital argentina, um  estádio grande que visitarei para comprar umas lembranças do grande algoz corinthiano quando ganhou em São Paulo, em pleno Pacaembu.

Bombonera
No curto tempo que estive em Buenos Aires, dediquei uma manhã para ir até a Avenida Brandsen visitar La Bombonera que tem esse nome por conta de um jornalista que ouviu o  engenheiro responsável pelo projeto do estádio dizer que uma caixa de bombons que ganhara de presente era muito parecida com o estado que projetara.
É impressionande que apesar de conseguir ter públicos significativos, parece um estádio pequeno e o espectador localizado na parte central da arquibancada, consegue, com não tento esforço, bater sobre a cobertura do banco de reservas.
O gramado, perfeito, deve ser uma intimidante inspiração a todos que jogam contra o esquadrão da "remera(5)"  azul e amarela.
Aliás, se você quiser comprar uma camiseta, flâmulas e outros produtos licenciados, podem comprar na loja do "Museo de la Passión Boquense" , localizado no próprio prédio do estádio e poderá também fazer uma visita guiada por lugares nos quais nem sempre se tem acesso como sala de imprensa, vestiários entre outros.


É POSSÍVEL FAZER UMA RELAÇÃO ENTRE ALGUM CLUBE PAULISTANOS E BUENOAIRENSE?

Na minha visão sim. Sempre atribuímos a questão de maior proeminência social e localização priveligiada do estádio, além de sua origem social, ao São Paulo Futebol Clube que poderia ser comparado ao River Plate.

Já o S.C. Corithians, por sua origem operária, em um bairro menos priveligiado e que tem grande torcida popular pode ser comparado ao Boca Juniors que nasceu no bairro operário de La Boca (onde localiza-se) e foi fundado por operários, assim como o Timão.

Futebol no Brasil e na Argentina são mais do que apenas mais um esporte. É a expressão mais intensa de paixão. Só nos resta combater a violência crescente que já toma conta desse esporte em ambos os países.


GLOSSÁRIO FUTEBOLÍSTICO

(1)  Hincha - Torcedor
(2)  Hinchada - Torcida
(3)  Xeneize - Genovês, origem dos fundadores do Boca Juniors
(4)  Barra - Turma. Barra bravas são torcidas violentas.
(5)  Remera - Camiseta.

SITE DOS CLUBES

Boca Juniors
River Plate







sexta-feira, 25 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Rock Argentino: Pappo

Fazia tempo que um guitarrista não me impactava tanto quanto Pappo e, mais uma vez, fico muito chateado que no Brasil não conheçamos um músico de tanta qualidade  vindo de um país ao nosso lado e do qual, infelizmente, não poderemos ouvir ao vivo já que faleceu em um acidente estúpido em 2005, quando um carro pegou sua moto e o matou de imediato.
Pappo é o nome artístico de Norberto Anibal Napolitano, nascido em Buenos Aires em 10 de março de 1950, um guitarrista de grande qualidade técnica que tocava rock, blues e metal e que , pasmem, participou do início do Motorhead, tocando também com Peter Green.Na Argentina tocou na banda Pappo´s Blues e na banda de Metal RIFF.
Vamos parar de conversa e vamos ao Pappo. Duas músicas: Sucio y desprolijo de autoria própria e um formidável cover de Hey, hey, my , my com La Renga. Que desfrutem!







segunda-feira, 14 de maio de 2012

Malvinas 30 anos: Minha biblioteca "malvinera"


A minha biblioteca malvinera, ao menos até minha próxima ida à Buenos Aires, está composta numa quase equilibrada quantidade de livros argentinos e ingleses acerca do conflito sendo que nesse dia 11 de maio comprei um de autor brasileiro que ainda estou lendo. Tentei selecionar autores de reconhecida competência no assunto, alguns dos quais participantes da guerra.
Abaixo farei  uma pequena indicação e comentários dos livros que tenho e os mesmos poderão ser adquiridos via correio nas livrarias mencionadas. A única questão contrária é que o custo de envio de livros da Argentina para o Brasil é caro o que não favorece pequenas aquisições via Internet.
O mais recomendável, em minha opinião, é visitar as livrarias em uma ida à Buenos Aires ou pedir para algum amigo comprar, acredito que é financeiramente mais viável. Caso não tenha ninguém, indico o site.

OPERACIÓN ROSARIO - La Recuperacion de las Islas Malvinas – Alm. Carlos A. Busser (R) - Ed. Associación de Infantes da Marina

A Operación Rosário foi o nome adotado pela Marinha argentina, Agrupamiento de Buzos Tácticos (forças especiais) para o operativo de recuperação das Ilhas Malvinas (aprendam: os argentinos não INVADIRAM as Ilhas Malvinas, quem fez isso foram os ingleses, elas foram recuperadas e novamente usurpadas em 1982). Refere-se à Nossa Senhora do Rosário, padroeira argentina, cujo nome não foi usado por escrúpulos dos militares ao associarem a figura da Virgem com um operativo militar.
O organizador, Almirante Büsser, foi o oficial de alto posto responsável pelo planejamento e execução de todo o procedimento e mais do que uma narrativa solitária do alto oficial, contém testemunhos dos principais envolvidos, dando um panorama muito concreto e importante de todo processo.
O que mais é interessante notar é mais do que o estudo de um fato militar, a leitura desse livro constitui-se em uma oportunidade ímpar de verificar como foram feitos os cálculos estratégicos e operacionais para que a operação fosse coroada com êxito indiscutível, tanto pela ausência de danos significativos à população local (kelpers) quanto ao reduzido número de baixas (dois soldados feridos e um oficial argentino morto), tomando o contingente dos “Royal Marines” (fuzileiros) e seu quartel de surpresa, além da rendição do governador inglês Rex Hunt em condições excepcionais, retirando-se em seguida para que o exército ocupasse o postos da Marinha que viria a retrair-se após o afundamento do A.R.A. General Belgrano pelo submarino nuclear inglês Conqueror.
Mesmo que os erros estratégicos que sobrevieram de forma alguma podem dar à operação o qualificativo de improvisado o que não se sustenta numa análise mais detida. A questão é muito mais profunda, a imprevidência, oportunismo e desrespeito à vida dos soldados conscritos. No entanto, isso é uma história outra que não está no escopo desse livro.

O livro está disponível do Instituto de Publicaciones Navales - cujo acesso você consegue aqui.


1.093 TRIPULANTES DEL A.R.A.. CRUZERO GENERAL BELGRANO - Hector E. Bonzo


O capitão Hector E. Bonzo era o oficial em comando do A.R.A. (Armada Republica Argentina) General Belgrano,um antigo cruzador americano da década de 40, sobrevivente de Pearl Harbour e da 2a. Guerra Mundial que foi protagonista de um dos atos mais controversos da Guerra das Malvinas que foi o afundamento dessa nave com 1.093 tripulantes fora da chamada "Zona de Exclusão" imposta pelos próprios britânicos.
Alguns o consideram um ato de guerra, outros, um assassinato já que essa posição fora da zona de exclusão , em tese, o colocava à salvo dos torpedos dos submarinos nucleares ingleses que patrulhavam as águas do arquipélago, fato conhecido dos argentinos que precipitaram  a Operação Rosário exatamente por esse motivo.
A vida do cruzeiro é largamente acompanhado, desde a vida cotidiana de  uma majestosa nave mas, principalmente, dos hercúleos esforços para o resgate dos sobreviventes depois do torpedeamento feito pelo submarino  HMS Conqueror.
É um livro que subsidia ricamente o entendimento do feito, principalmente do lado argentino e também a constatação que por muito tempo será um mistério todos os elementos desse fato histórico já que a Inglaterra estabeleceu um sigilo de 90 anos em seus documentos sobre o assunto.


O livro está disponível do Instituto de Publicaciones Navales - cujo acesso você consegue nesse link.




THE ARGENTINE FIGHT FOR FALKLANDS - Martin Middlebrook



Talvez Martin Middlebrook é o historiador inglês mais qualificado para dar um panorama adequado sobre o conflito contemplando ambos os lados da batalha.
Entre suas virtudes é reduzir sua análise ao político e militar sem levar em conta a questão da soberania sobre o arquipélago fazendo, dentro do possível, o mais isento relato que se pode encontrar. 
Analisa, com riqueza de detalhes, o desempenho comparativo entre argentinos e ingleses, o comportamento de ambos os lados em batalha, traçando uma imagem honesta mas cruel do desatino que foi a empreitada, das falhas tremendas de logística e de suprimentos o que fez que frio e fome fosse uma constante entre os bravos soldados argentinos que, sem dúvida alguma, mereceram o reconhecimento inclusive dos próprios ingleses.
Entrevistando oficiais e soldados tanto do Exército como Marinha argentinas (a Força Aérea recusou-se a atendê-lo), traça um perfil completo mas, ao meu ver mais valioso, da reação com a derrota e as perdas em homens (por unidade participante) e material.
Uma obra que vale por seu aprofundamento, qualidade de texto e riqueza de fontes. Infelizmente, apenas encontrei a edição em inglês que está disponível na Amazon.com onde, mesmo com  o aumento do dólar, torna mais barato comprar direto do que por livrarias brasileiras. O link para a página do livro na Amazon é este.


BATTLE ATLAS OF THE FALKLANDS WAR 1982, BY LAND , SEA AND AIR - Gordon Smith


Quem leu meu posta dos "Recuerdos" da questão da Guerra das Malvinas em minha vida, lembra-se que uma das minhas tentativas foi de traçar mapas que explicassem , mesmo com escassez de detalhes, o que estava acontecendo em território malvinense.
Essa ousada tentativa tinha dois problemas: falta de informação e de conhecimento técnico necessários para fazer essa tarefa de modo competente. 
Qual não foi a minha surpresa ao ver esse livro (que mais parece uma apostila) na Amazon. com! Sem dúvida, eu o adquiri e me deslumbrei com a riqueza de detalhes que são um atrativo e tanto, apesar de que, advirto, não esperem mapas em 3 dimensões e outras sofisticações, é coisa de mesa de comandante, com todas as informações mas com uma simplicidade mais do que necessária nesses casos.
Compreende, como o próprio texto diz, operações navais, aéreas, terrestres e aero-navais , lançadas nos porta aviões ingleses já que o argentino não saiu de seu porto ou ficou próximo ao continente.
Para quem gosta de teoria militar é um título precioso seja para aprender o que fazer mas principalmente o que não fazer em uma guerra.


A página do livro na Amazon.com pode ser acessada aqui.


CÓDIGO DAS PROFUNDEZAS - Coragem, patriotismo e fracasso a bordo dos submarinos argentinos nas Malvinas - Roberto Lopes





Esse livro é um que estou explorando com bastante entusiasmo porque vi um livro bem escrito, intensamente pesquisado e de origem brasileira que demonstra a história não apenas dos submarinos argentinos mas de outras nações do Cone Sul. 
Está valendo a pena por conta das surpresas que a gente tem em ver que uma guerra que vitimou tantas pessoas tenha sido feita com tanta temeridade, para fazer o mesmo. Volto com essa resenha.
Para ver uma entrevista concedida pelo autor para o Jô Soares pode ser assistida aqui e a página do livro na Livraria Cultura, nesse link


Essa biblioteca está incompleta ainda e vai ser enriquecida em breve. Deixarei todos informados e com mais sugestões. Saludos!

domingo, 13 de maio de 2012

Propagandas Argentinas: Banco Hypotecario

A propaganda é baseada em uma música venezuelana (aliás como a do Passo de los Toros) chamada "Dueño de nada". Resultou essa propaganda que pode ser infame para alguns mas muito engraçada para todos. Que desfruten!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Historia do Hino Nacional Argentino

Um interessantíssimo vídeo sobre o hino argentino, com explicações de como foi construído a estrutura da canção pátria argentina. Vale a pena assistir!!!



Efemérides Argentinas: Dia do Hino Argentino

Hoje, dia 11 de maio é comemorado o dia do Hino Argentino que tem uma história muito curiosa que pode ser explorada no link que colocaremos abaixo, uma interessantíssima apresentação multimídia com letra, os principais personagens da criação e primeira execução do hino e as suas duas versões, isso mesmo, as duas versões que existiram ao longo da história.

Mais um dado curioso que, apresentado de forma agradável, nos faz interessar mais pela cultura e modo de ser do povo argentino. Para mim, imperdível. O link para acesso ao conteúdo multimídia é esse aqui, himno argentino.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Efemérides argentinas: Aniversário de Eva Perón - 07 de maio

Talvez eu tenho ouvido poucas pessoas que estiveram na vida de um país que tenham mais projeção e mais lembrança, para bem ou para mal, do que Eva Duarte, Eva Perón ou, simplesmente, Evita.
Evita
Estive em agosto de 2011 em Buenos Aires e, como seria de se esperar, fui até o cemitério da Recoleta para conhecer o túmulo que talvez seja o mais famoso da Argentina. Andar pelo Cemitério da Recoleta de fato é um exercício e o "siga a multidão" nem sempre funciona porque no dia frio do começo de agosto , mesmo com sol, a frequência não era lá tão grande. Só sei que entre túmulos de personalidades famosas como Alcorta, perdi-me.
Cheguei para uma pessoa que estava por lá e perguntei:
- Por favor sabes donde és el tumulo de Evita?
O rapaz nem se deu ao trabalho de me encarar mas enraivecido respondeu:
- Gracias a Dios , no!
Agradeci e fui em frente e sem grande esforço encontrei o singelo túmulo da família Duarte que hoje abriga seu corpo que foi, inclusive, roubado.
Filha ilegítima, chegou ao poder ao lado de outro filho ilegítimo, Juan Domingo Perón e, ao meu ver, foi fundamental para a consolidação do mito Perón. Basta observar que um governo com muitas similaridades como o peronismo ocorreu também no Brasil e não teve a perenidade que econtrou o líder argentino.
Tenho um amigo cordobês, o Manuel, que me falou sobre a questão da assistência e das obras de Evita que beneficiaram a muitos , inclusive à ele, durante sua vida escolar. No entanto, ao assistir alguns documentários, notei que Evita tinha força política e luz própria para trilhar os caminhos do poder mas um câncer  de útero que a vitimou em 26 de julho de 1952.
"Só me casarei com um príncipe ou um presidente" dizia Evita quando morava em Los Toldos. Acho que, com dramacidade re-porteña, ela conseguiu mais do que isso, entrou na vida e no imaginário de todo um povo que a viu ou que jamais a conheceu e acredito que sua memória jamais será apagada apesar de que muitos a usam inescrupulosamente, para benefício próprio.
Uma figura fascinante, forte e totalmente arrebatadora frente a quem não é possível ficar indiferente: essa é Evita.

Assinatura Eva Perón


PARA SABER MAIS:

Com certeza existem diversas obras que dão conta da vida de Eva Perón. No entanto, a que eu li e que considero interessante por fornecer todo um panorama histórico não apenas do casal mas do contexto histórico é o primeiro volume da magistral obra "História de Peronismo" de Hugo Gambini.

sábado, 5 de maio de 2012

Momentos de ouro da música argentina: León Gieco & Mercedes Sosa

Essa música me sensibiliza muito, todas as vezes que a ouço. Mercedes Sosa, "La Negra", que se foi mas é eterna, não morre. León Gieco, um artista de rara sensibilidade, um letrista fantástico que "cometeu" essa música que não tem fronteiras, tem a capacidade de tocar os corações de todos. Que nada nos seja indiferente!

Malvinas 30 anos: O amor depois da guerra (Noemi Ciollaro - Página 12)


Nota: não existe guerra que possa ser contada sem considerar-se o lado humano de todos os envolvidos que são muito mais que os combatentes, são suas famílias, os cônjuges e filhos. Nesse artigo originalmente publicado no jornal Página 12, uma mostra contudente da amplitude dos danos que uma guerra consegue fazer já que doem mais as dores que se sentem por dentro.
ESSE TEXTO É PUBLICADO COMO UM TRIBUTO ÀQUELAS QUE VIVERAM A GUERRA ATRAVÉS DE SEUS MARIDOS E DERAM MOSTRAS DE FORÇA, EMPENHO E AMOR POR AQUELES HOMENS. É, DA MINHA PARTE, UM MANIFESTO PACIFISTA ÍMPAR.

NOTA: Tentei interferir o menos possível no texto apenas fazendo adaptações necessárias ao melhor entendimento em português. Em negrito estão intervenções das pessoas outras que não as esposas e alguns termos usados em castelhano foram mantidos , especialmente os militares, com notas para corresponder a termos mais usuais em outras línguas que não o castelhano ou português.




"Eram adolescentes fazendo o serviço militar obrigatório quando foram usados como carne de canhão em uma guerra louca. As fotos de suas namoradas eram companhia nas trincheiras. Elas, as mesmas que se despediram com medo e orgulho, foram as que os receberam quando a derrota estava escrita em seus corpos mais do que qualquer outra cicatriz. Durante décadas apoiaram esses homens que sabiam serem heróis quando ninguém os via desse modo, mas com quem podiam falar sobre as coisas mais cotidianas. Com o tempo, dizem os especialistas, algumas chegaram a ter os mesmos sintomas de seus companheiros ou se debatiam entre a submissão e o vínculo maternal como se fossem faces da mesma moeda. Este ano suas vozes começaram a ser escutadas de outra maneira dentro do Centro de Saúde para Veteranos das Malvinas, que também atendem familiares dos que combateram no extremo sul de nosso país. Reunidas ali, quatro mulheres de ex-combatentes testemunharam à Página 12 o que elas e seus companheiros viveram depois da guerra quando o desampara social e do Estado eram a única perspectiva.

ERA COMO SER SUA MÃE E SUA MULHER

Gabriela Suárez (52) esposa de Sergio González: "O conheci no ano de seu regresso das Malvinas, temos 27 anos de casados. O encontrei em seu pior momento, no pós-guerra, emocionalmente em carne viva mas orgulhoso do que havia feito, nunca se queixou de haver tido de defender a pátria. O que tinha era uma dor enorme pela perda de tantos amigos, "irmãos da vida" como chamam a seus companheiros. Achava estranho que não tinha raiva, nem rancor mas o que tinha era dor:  "sinto que vim com as mãos vazias e que tudo foi em vão", dizia. Foram anos muito difíceis por que não sabia de nada e de repente tive de ser psicóloga, esposa, tudo junto. Ele teve uma má experiências com psicólogos, o levávamos obrigado mas abandonou. A terapia era feita em casa na madrugada que chorava e falava, por anos e anos: E eu?..."quando o conheci eu trabalhava, nos casamos e continuei a trabalhar até que nasceu nosso primeiro filho quando abandonei o trabalho e me dediquei a eles e à ele. Temos três filhos de 25, 20 e 18 anos. Fiz um pouco de terapia individual e familiar com a mãe dele, as irmãs e ele para estimulá-lo à participar mas não quis saber de nada, preferia desafogar-se comigo a quem falava quando queria, se não quisesse não falava no assunto, ele dirigia os tempos. Para mim não era simples: as coisas que me contava eram desoladoas... e eu apenas tinha 23 anos. Mesmo hoje é terrível escutar as coisas que passaram lá, assim que tão jovem... fora como estivesse envolvida na guerra, havia momentos em que dizia a ele que não sabia se fazia bem à ele, não tinha os elementos para ajudá-lo, pensava que minhas repostas poderiam ser contraproducentes mas ele dizia que comigo conseguia. Minha esperança agora é com esse Centro de Saúde criado para eles e para as famílias consiga tratamento mas não quer voltar a reviver...  Eu o frequentaria para que frequente ele. Embora também... eu acredito que nos faz falta porque é um peso muito grande que temos, necessitam muita ajuda, não sei se aconteceu a todas o mesmo mas era como ser mãe apesar de ser suas esposas. Havia momentos nos quais me sentia sua mãe, depois disso equilibrou-se ... sim, acredito que faria bem a todos , inclusive aos filhos

"SE NÃO FALAR, NOS SEPARAMOS"

Mônica Avila (48), esposa de Mario Giraldez: "Comecei a namorar com Mário aos 15 anos. Não pude despedir-me dele quando foi à Malvinas, me avisou por telefone que o levariam e o recebi quando voltou. O olhar que tinha quando foi nunca mais existiu, nunca mais voltou a ser o mesmo depois da guerra. Cheguei em sua casa emocionada porque estava vivo mas o vi inexperessivo, me olhava fixamente com esses olhos, com esse rosto, sujo, espantado. Eu tinha 18 anos, não sabia o que passava e  tampouco sua família. Ficou três meses sem falar nada e tive de tirar forças de onde não tinha para apoiar a pessoa que amava... E fomos crescendo os dois com tudo o que ele teve de viver, com essa carga que trazia de lá. Saíamos a caminhar e quando as pessoas que o conheciam desde a infância o cumprimentava, abraçavam-no chorando, ele os afastava, olhava e dizia "estou bem", as únicas palavras que pronunciou nesses três meses até que em um dado momento me enraiveci , o encarei e disse : "se você não falar, nos separamos, não me verá mais , acabou". Depois de três dias voltou e começou a ter o mínimo de diálogo comigo. Assim seguimos lutando, ano depois de ano, para que fosse reinserido na sociedade, que fosse trabalhar, ele que tinha uma mãe viúva. Nos casamos em 84  e sempre, todos esses anos, foram de luta, sozinhos. Temos três filhos, um de 26, uma de 22 e outra de 20.
Ah, sim, tenho o costume de chorar... (diz desculpando-se).Não é o que tudo isso me custou, é o grande amor que tenho por ele. Quando fomos ao Regimento 6 no ano passado, por amor deixei meu trabalho, o fiz para conhecer esse lugar que ele ama, no Pampa. Ele me dizia que era ali que era feliz e eu dizia "o que acontece, é um lugar mágico?" e ele realmente era feliz ali.Ver de longe ele interagindo com quem esteve com ele nas ilhas lutando na Companhia B, no monte "Duas Irmãs"... Ali são outras pessoas, meninos de 18 anos, voltam a viver, a contar isso indiferente a todos. Emociona-me e me faz chorar saber que depois do que nós lutamos , colhemos os frutos. Que eles agora pode falar e dialogar com pessoas que não são veteranos e pertencer de novo à essa sociedade com quem não queriam saber de nada porque se sentiam excluídos. Sim, acredito que as mulheres necessitam de ajuda porque se deixou em nossas mãos uma carga enorme que era a saúde de nossos esposos. Sim, no museu do Regimento 6 falta um espaço para as esposas porque eles estão aqui hoje por conta de nós. Olho para trás e fiz bem as coisas, criei meus filhos que me acompanham a todo lugar, lhes dei um pai maravilhoso e hoje o vi no jardim do Centro e pensei que fiz as coisas muito bem..."

A psicóloga Marcela Aldazábal explica que "geralmente é a mulher que vem à consulta porque o veterano é como um acúmulo de sintomas desde fora, que não dorme, que é violento, que isola-se ou são aqueles que vêm dizendo "venho porque minha esposa me manda porque já não me aguenta mais". Depois vêm elas porque quando eles melhoram também não aguentam, há que desenvolver um trabalho de reacomodação porque o vínculo está doente. A crise da mulher aparece quando o marido começa a melhorar e ela pergunta-se o que passa com ela e com sua vida.
Por sua vez a psiquiatra Viviana Torresi afirma: há pouquíssima simetria de vínculo, não há casal igual. Há um excesso de tolerância justificando e amparando-lhes nessa posição de vítimas. As mulheres tendem a criar cumplicidades com os terapeutas: "te chamei mas não diga que fiz isso". É como uma mãe na terapia com um menino, ou seja, tem de restruturar todos os vínculos familiares.


NÃO FEZ TERAPIA

Adriana Villanueva, Carolina Beux, Graciela Suárez, Mónica Avila.
Imagen: Constanza Niscovolos
Carolina Beux (42), esposa de Patricio Louzao: "Quando Patricio foi a Malvinas eu começava a escola secundária, o conheci em 84 e não sabia que havia ido à guerra, noivamos quando ele tinha 24 e eu 17. Aí soube da guerra, mas jamais falava. Em 95, quando nos casamos começou a falar alguma coisa. Ele faz uma couraça de homem que superou, que tem tudo claro, que foi a guerra e voltou, nada o perturba e isso durou muito. Durante 10 anos não ia aos encontros de 2 de abril e eu sempre respeitei seus tempos porque se fazia perguntas ele se fechava mais. Duro, sim, mas quando chegava a data não o abraçava e não podia dizer "te amo". Com o passar dos anos começou a falar, o convidaram à uma rádio com outro companheiro e a sua mensagem era "gostaria de voltar às ilhas" e eu pensava que ele tinha enlouquecido mas estava orgulhoso disse dez anos depois. Nossa escala de valores era diferente: quando morreu seu pai disse-lhe: "Cara, morreu seu pai! Reaja!" mas ele me respondeu que seu pai havia morrido e ele tinha de seguir adiante. Pensei: esse rapaz não se permite nada, não quer ver, foge. Passou  o tempo e adotamos um filho,temos dois pequenos Joaquín de 10 anos e Malena de 3 anos e o trâmite foi longo. No início tratou de conformar-se ante a situação complexa e me dizia "bem, é isso que nos cabe... " mas chegou Joaquín e o desestruturou, fez com que rompesse todas as couraças e à partir daí permitiu-se chorar em um ato do colégio porque viu ao menino fantasiado de amendoeira... Ao longo de dez anos se ajeitando até que no aniversário de 25 anos das Malvinas disse: "sim, vou ao ato.." Ali encontrou-se com seus companheiros de serviço militar obrigatório, eles fizeram um ano com boa instrução, conheciam a disciplina dura e como sobreviver, disse que assim foi mais suportável. Na guerra era "furrier" , secretário do chefe da Companhia, Abella, que lembrava como alguém de caráter muito complicado como militar mas que não permitiria que morressem. Patrício disse que os que estavam nos poços de raposa (poços cavados na terra)  (foxholes na terminologia militar americada - Nota do Tradutor) ficaram ruins da cabeça (quemados em la cabeza no original). O objetivo dele era voltar, está agradecido porque não matou ninguém , queria cuidar de seus companheiros e voltar . Disse que o serviço militar era obrigatório  e que ele não é herói. No ano passado voltou às ilhas, isso foi muito restaurador, foi com companheiros e com seu irmão que pode entender melhor as coisas de Patrício. Deu um depoimento em Tigre antes de viajar e outro depois de regressar e se emocionou-se muito com perguntas respeitosas sobre o que aconteceu com os corpos dos companheiros que morriam. Explicou que se arma de uma couraça para não ter de demonstrar o que passa. Hoje está dedicado em conseguir boas coisas para seus companheiros e o faz bem e eu como esposa trato de acompanhar-lo. Eu sim, fiz terapia e , bem, pode ser que venha a tomar uns mates com La Madrid mas terapia? É muito bom que tenha aberto esse Centro. Nossos meninos são meninos e à menina ele canta a marcha das Malvinas quando a faz dormir, mas não anda de verde nem com a jaqueta militar. Ele não quer que se perdam as memórias das Malvinas mas não faz militarizado e  nem enloquecendo os meninos com o mesmo, todos os dias".

E também no caso das veteranas que estão ao lado de seus maridos, vão a todas as reuniões e atos de veteranos, levam a agenda. Muitas sabem mais da história do que eles mesmos: datas, a posição que tinha o marido, em que poço de raposa esteve, em que horas combateu, o nome de todos os que estiveram no mesmo regimento, como estivesse estado ali, "soldadas" - diz Marcela Aldazába.

"EU TAMBÉM SOU UM SER HUMANO"

Adriana Villanueva (50), esposa de Marcelo Vallejo: "Conheci ao meu marido aos nove anos, eramos vizinhos. Antes da guerra já eramos namorados. Não queria que fosse mas ele foi com orgulho, apresentou-se sozinho. A volta foi dura, seguimos namorados e nos casamos. Ele não queria falar de Malvinas, o fazia muito superficialmente... eu perguntava algo mas também fazia com respeito, não? Sim, sempre tentei que ele fosse à um psicólogo mas não, dois anos depois conseguiu trabalho mas seguia na luta, saía da fábrica e se encontrava com outros veteranos, levavam revistas, empapelavam as ruas, malvinizavam. Todo o tempo malvinizava. E eu... muito tempo sozinha. Nós não podíamos ter filhos mas adotamos. Digo que existem filhos que seguem mais a causa e outros que sofre mais, que não querem, meu filho Facundo, de 19, sofreu muito... Meu marido bebia, ia ao Centro... e depois, bebia e se perdia... e ano depois de ano vimos que era pior. Mantinha seu trabalho mas era uma batalha para mim sustentar a casa com ele ausente, ausente. Ele seguia nas Malvinas, como se houvesse ficado nas ilhas. Facundo  sofreu muito e eu não sabia mais o que fazer... Eu às vezes dizia a ele que não podia andar assim, nesse estado, que podia chocar mas ele não entrava. Foram muitos anos, desde 1999, nesse ano no dois de abril veio muito mal, e com minha cunhada tentamos ajudar-lhe, estava matando-se aos poucos. Aí começou outra luta, ir a reuniões de dependentes, brigas com ele, tirar-lhe dos Centros de Veteranos.. Sim, foi terrível , perdi do tempo lindo de meu filho, nós mulheres estivemos muito, muito sozinhas. Temos dois filhos mas o segundo adotamos desde os 5 anos, agora tem 15. E sim,  pensa que dedicou muito empo de sua vida  a isto e perdeu coisas lindas. Não é que me arrependa mas o que quis fazer e a satisfação veio a pouco ao ver que esse cerco que fizemos deu resultados, ele foi saindo, recuperando-se e eu não pude compartilhar viagens, reuniões ou saídas com outras pessoas das Malvinas, ele me afastava, queria estar só com os veteranos mas começou a ver que poderia travar sua luta de outra maneira, de forma mais sadia. Para mim o certo é que uma parte dele ficou nas Malvinas, está lá. Tudo  o que faz é para as Malvinas e para os veteranos mas bem, isso o ajudou e nosso filho mais jovem o acompanha muito. Eu? Eu como todas....  Ele viajou para as ilhas depois de 27 anos para correr uma maratona e isso lhe fez bem. Aí vio que tudo o que se passou não foi inútil, aqui ninguém reconheceu nada, agora à pouco , e lhe fez muito bem, se sentia frustrado com as pessoas mas já não dizem aos veteranos "este é um louquinho..." . Eles necessitam e desejam reocnhecimento e agora estão tendo e, bem, segue igual.... o tema Malvinas é continuo, a vezes à noite... sim, e depois de muito tempo pode contar que morreu um amigo ao lado, o trauma de que na retirada não lhes deixassem levar seus mortos, a culpa... Ele estava indo a uma psicóloga que soube lidar com ele durante a internação e ela me dizia o que tinha de fazer com ele... e, bem, isso me ajudou um pouco porque estávamos sós, muito sós e tentando entender... como irmãs, como mães. Sozinhas por toda vida... Sempre me disse que se eu não estivesse, ele não existiria. Nós choramos por eles e por nós mesmas... também... está é sua própria vida. Também sou um ser humano". 

A psicóloga Adazábal afirma que "há uma dissociação na guerra entre o que se sente e onde se atua, essa mesma dissociação se produz nos afetos no pós guerra, então muito deles estão em casa e não estão, e que passa lhes é alheio e depois passam a estar e a mulher se incomoda, tem de ceder o comando da casa ou compartilhá-lo. O veterano hoje está bem economicamente falando e muitos ficam em casa". A dor e a angústia afloram reiteradamente durante as entrevistas e também as dificuldades para falar sobre si mesmas, sobre o adiado e o desejado, sobre frustrações e sonhos. Não obstante, de dizem felizes de que seus maridos e elas mesmas comecem a ser escutadas e "registradas".

"Quando mais nos distanciamos da ditadura, mais autorizados  nos sentimos  a recordar e falar sobre o que recordamos, a contar", concluiu Eugênio Romero.

(Tradução : J. B. Libório - a matéria original no Página 12 pode ser acessada aqui)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Malvinas , 30 anos: recuerdos personales


Nenhum blog que trate sobre a Argentina, ao menos no viés desse, pode deixar de abordar o aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas acontecida de 02 de abril a 14 de junho de 1982.  No entanto, à par de minhas convicções, não gostaria de discutir questões de demandas que por mais que sejam afetas ao continente, o são principalmente ao povo argentino.
Gostaria de começar a minha abordagem por um fator que me une de maneira muito significativa, ao conflito: a contemporaneidade.
No ano da guerra, completava 18 anos, ou seja, estava sujeito à conscrição, algo semelhante ao COLIMBA argentino, de nada saudosa memória. O meu contato com a guerra surgiu de um trajeto pessoal mas também de algo que pode ser atribuído ao destino, ao menos para quem acredita nele: através de uma coleção de livros fartamente ilustrada acercada da Segunda Guerra Mundial que existia na biblioteca da então Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. Jorge Coury” em Piracicaba , São Paulo, capitaneada pela inesquecível Dona Bernadete, lugar onde tomei mais ainda o gosto pelas leituras, isso aos 14 para 15 anos de idade.
Confesso que tinha uma visão ingênua e até romântica da guerra que viria a ser rompida em pouco tempo sob a batuta de outro professor querido, Sérgio Desiderá. Para mim, o soldado era, sem distinção, um herói, alguém que tomava a vida nas mãos e lutava pela honra e pala glória sua e de seu país. Não me passava pela cabeça que aqueles soldados podiam ser vítimas de governante inescrupulosos e sem qualquer contemplação por sacrificar vidas alheias para  que atingissem seus objetivos.
Só sei que em um contexto desses, a explosão da guerra representava o desafio de um David a um Golias, ou seja, pessoas como nós, sul americanos, a desafiar o gigante imperialista inglês.
Soldados Argentinos nas Malvinas: respeito
aos que lutaram
Para minha mãe, era um momento de inquietude: quanto tempo duraria a guerra? O Brasil estaria envolvido? Enviaria tropas? Meu filho estaria conscrito na época? Poderia ser mandado para lutar ao lado dos argentinos? Enfim, nenhuma das teses seria confirmada mas foi o suficiente para colocá-la alerta, com razão.
Só sei que na outrora confiável Veja, foi publicado um mapa das ilhas e à partir desse desenho fiz uma "cobertura jornalistica" com o desenho e texto da evolução das tropas à partir dos informes precários de que dispúnhamos e publicávamos no jornal do colégio.
Foi ali que recebi meus primeiros elogios e estímulo para ser jornalista algo que não levei para a frente por questões outras que não vale mencionar aqui.
Só sei que com a derrota o encanto foi escasseando e passou a ser uma página do passado. A quebra desse esquecimento foi a visita ao Memorial da Praça San Martí em B.Aires. O choque de quando se põe nomes e quantidades às placas somou-se à palavra "Conscripto". Ali poderiam ter se concretizado os temores de minha mãe, se fosse algo mais velho. É uma experiência chocante e que me faz remorar que na guerra não há nada de glorioso e deixa marcas indeléveis na vida de todos como veremos mais à frente em outra postagem.
No entanto, não posso deixar de respeitar o sacrifício de todos os que estiveram em um conflito desnecessário e estúpido mesmo considerando a significância da causa. 
Na minha vida as Malvinas serão inesquecíveis!



quinta-feira, 3 de maio de 2012

Guia Óleo - Guia de Restaurantes

http://www.guiaoleo.com.ar

Chegar à uma cidade e estar perdido acerca de onde comer pode causar sensações não necessariamente agradáveis. Mesmo que , paraseando Freud, "um guia seja apenas um guia", o que se destaca é o "Guia Óleo" que enfoca diversos restaurantes nas mais diversas especialidades possíveis.
A classificação é abrangente e tem interatividade com os leitores fornecendo dados de meios de pagamento (algo muito importante em qualquer lugar, especialmente na Argentina, aliás, mesmo quando dizem que aceitem cartões, leve dinheiro), fotos do local e outras informações importantes.
Só quero fazer uma observação: muitas vezes, quem for a Buenos Aires vai perceber que as notas dadas pelo público do Óleo são de um rigor desproporcional ao que encontrará. Não se preocupe, o portenho é assim mesmo, rigoroso com todas as características dos locais onde frequenta, especialmente restaurante (apesar disso não se refletir na qualidade do serviço.

Fica a dica!
Saludos!


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Propagandas argentinas - Cortá con tanta dulzura! Paso de los Toros


Talvez uma das propagandas mais geniais a da bebida "Paso de los Toros"  com o zagueiro do C.A. BOCA JUNIORS, Rolando SCHIAVI. 









Cortá con tanta dulzura! Lo dulce no quita la sed...

Pare com tanta doçura! O doce não mata a sede...

Música Argentina: Luis Alberto "Flaco" Spinetta

Para quem imagina que a Argentina só tem bons músicos de tango , por favor, revejam urgentemente seus conceitos. Infelizmente, para nós brasileiros, o conhecimento que temos da música argentina é limitadíssimo o que nos impede de conhecer músicos excepcionais como Luis Alberto "El Flaco" Spinetta que nos deixou no começo de 2012.
Dono de um talento fenomenal de letrista e guitarrista, Spinetta nasceu em Buenos Aires em 23 de janeiro de 1950 e fez parte de grupos que são centrais na cena do rock argentino como o Almendra, considerado como um dos grupo fundadores do rock platino.
Entre outros grupos participou de outros grupos importantes como  Pescado RabiosoInvisibleSpinetta Jade e Spinetta y los Socios del Desierto onde colocou à mostra a densidade de suas influências intelectuais onde costumava enumerar expoentes como Nietzsche, Artaud e Carlos Castañeda.
Infelizmente desconheço quaisquer lançamentos de "El Flaco" no Brasil e para que vocês tenham uma pequeníssima idéia da  sua excelente obra que pode ser encontrado no "Youtube" apesar da qualidade de som sofrível. Se for à Argentina, não deixe de procurar os CDs nas melhores lojas do ramo. Prometo que vocês não se arrependerão.

DISCOGRAFIA


  • Almendra, 1969
  • Spinettalandia y sus amigos, 1971
  • Artaud, 1973
  • El jardin de los presentes, 1976
  • A 18 minutos del sol, 1977
  • Only love can sustain, 1980
  • Kamikaze, 1982
  • Mondo di cromo, 1983
  • Privé, 1986
  • Téster de violencia, 1988
  • Don Lucero, 1989
  • Exactas, 1990
  • Piel de piel, 1990
  • Pelusón of milk, 1991
  • Fuego Gris, 1994
  • Estrelicia MTV Unplugged, 1997
  • Spinetta y los Socios del Desierto, 1997
  • El álbum, 1998
  • Los ojos, 1999
  • San Cristóforo, 1999
  • Elija y gane, 1999
  • Silver Sorgo, 2001
  • Argentina Sorgo Films Presenta: Obras en vivo, 2002
  • Para los árboles, 2003
  • Camalotus (EP), 2004
  • Obras cumbres, 2006
  • Pan, 2006
  • Un mañana, 2008

No próximo Música Argentina, uma surpresa; qual é a relação da Argentina com um dos principais compositores  brasileiros da década de 60? Respostas na próxima edição de "Música Argentina".

Por agora, Luiz Alberto Spinetta, EL FLACO! Te extrañamos!



(Refere-se ao texto original - Vídeo de direitos reservados aos proprietários)

Rivalidade Brasil - Argentina

"Abrem-se as cortinas e comeeeeeeeeeeça o espetáculo, torcida brasileira!" Assim começaria a narrativa do imortal Fiori Gigglioti para mais uma partida de futebol entre Brasil e Argentina. 
PODE PARAR! NÃO É FUTEBOL!

Está bem que pode ser basquete, vôlei, bolinha de gude, videogame que a disputa Argentina e Brasil sempre acaba com um dos dois magoados por conta da derrota. 
No entanto, quando tentamos verificar a origem dessa disputa infinita vamos perceber que a grande briga entre os dois países teve sua origem na busca da hegemonia política e econômica dentro de um continente e passou também por momentos díspares de nossas realidades cotidianas.
No entanto, um dos motivos de desconfiança que repercute até hoje é a tal Hidroelétrica de Itaipú que se fosse intencionalmente rompida chegaria até Buenos Aires.  Dá para acreditar nisso? Não que particularmente eu duvido que algum ser humano (tipo homo sapiens) pudesse ter a idéia de fazer isso, afinal, terrorismo é uma coisa possível mas gerar um caos de tão grande dimensões arrasando o Uruguai e talvez parte do Paraguai para atingir um terceiro país, parece-me algo inverossímel. 
No entanto, parece-me que também contribui para esse estado de coisas o desconhecimento profundo que temos de todos os países da América Latina, Argentina incluso.  Mesmo sabendo que mal conhecemos o NOSSO país, sempre tivemos uma cultura centrada na Europa e depois nos Estados Unidos e com pouquíssima identificação com nossos vizinhos de continente.
Reconheço que a tarefa não é das mais fáceis, principalmente por conta da língua. Apesar de ser razoavelmente semelhante com o português, o castelhano é uma barreira concreta, especialmente se alguém teve contato com o castelhano falando em Buenos Aires. 
Acredito ser extremamente interessante que haja um esforço no sentido de divulgar não apenas o Brasil mas o modo de vida de nosso país, de sua cultura e também o inverso, termos oportunidades mais amplas de conhecer melhor o imenso patrimônio material e imaterial que a terra de Gardel tem a nos oferecer.
Uma das iniciativas que acredito e que aplaudo: a Embaixada brasileira em Buenos Aires foi agraciado com o prêmio de melhor estande estrangeiro na recém encerrada Feira do Livro local, uma das mais prestigiosas do mundo. Meus sinceros parabéns à todo o pessoal que trabalhou e concebeu esse local de difusão da cultura brasileira.

Dá para notar que eu sou um integracionista e já tive pendengas históricas com brasileiros e até estrangeiros acerca do MERCOSUL, principalmente na época da ALCA. Hoje, com certeza, há muitos questionamentos até frente ao desenvolvimento desigual e o tamanho continental do Brasil em relação aos seus vizinhos. No entanto, confesso, sou otimista incorrigível e acredito que há muito que avançar para que possamos sonhar num futuro de desenvolvimento e progresso mútuos.
Que isso siga mas só consigo ver um risco á frente: Se o Messi fizer o(s) gol(s) da vitória Argentina sobre o Brasil na final da Copa de 2014, teremos abalos irremediáveis já que depois de um Maracanazzo uruguaio, um argentino seria demais para o orgulho nacional ferido.

Saludos! 

Porque um blog sobre a Argentina, meu filho????

Essa é uma pergunta que não me foi feita mas acho que algum dos meus conhecidos há de fazê-la. Acredito que eu mesmo, em minhas reflexões mais íntimas também me pergunto o porquê de me sentir tão identificado com um povo cujo habitante da capital nacional, o porteño, é tido como arrogante, a seleção vira e mexe ganha da nossa, nos retirou a primazia de ter o melhor jogador de futebol do mundo, tem um Maradona que fica nos cotucando perpetuamente e por aí vai.
Prestes à fazer a segunda expedição para as terras de Gardel, resolvi fazer um blog que desse conta, ao menos superficialmente de em primeiro lugar, sistematizar minhas lembranças da primeira viagem, manter um contato com a realidade argentina através de jornais, comentários, contribuições de amigos, rádios, sinais de fumaça e por aí vão e também tentar fazer um grande "brainstorming" acerca do que se produz nesse país que muitos apenas conhecem como sendo o país do Messi. 
Vai aí um tanto de gosto (vocês hão de perceber) sobre aquela capital às vezes caótica, cheia de opções de diversão e cultura que se debate em um momento de transição e de definição de rumos.
A tantos quantos me acompanham, obrigado! Agradeço muito o comentário de vocês!