terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Malvinas 30 anos: Minha biblioteca "malvinera" - Parte 2

A cada ida à Buenos Aires a biblioteca acerca do conflito de Malvinas cresce. Hoje comentarei alguns títulos que comprei durante o ano de 2012 , nas idas em julho e dezembro.

LA PASIÓN SEGÚN MALVINAS - NICOLÁS KANSANZEW

Nicolás Kasanzew foi o principal correspondente durante a Guerra das Malvinas e que além de fazer suas reportagens com seu operador de câmera Lamella, encontrou tempo para fotografar a guerra.
Alguns rolos foram salvos dos ingleses e dos militares argentinos e isso constitui "La Pasión Según Malvinas", um livro que comove e mostra, nas palavras do próprio Nicolás, uma história que merece ser contada em todo o suas dimensões.
O cotidiano dos soldados no pré-guerra, as dificuldades encontradas, o início dos combates , os combatentes desde os conscritos até oficiais, todos estão nas cento e trinta e cinco páginas de um livro que é indispensável em qualquer biblioteca sobre o assunto.
No entanto, advirto, é um livro dificílimo de encontrar sendo que tive o prazer de achá-lo em um sebo chamado "Libros del Mundo" que tem sítio na internet. 


GUERRA DE MALVINAS - IMÁGENES DE UNA TRAGEDIA - ROMAN LEJTMAN

É possível amor à "primeira vista" em relação à um livro? Esse é um caso consumado de 300 pesos muito bem gastos.
Conhecido pela série "Documenta" (cujos capítulos podem ser encontrados no Youtube), obra referente da história da Argentina, Roman Lejtman percorre o tortuoso percurso desde os antecedentes históricos tanto remotos quanto próximos ao período da guerra até os combates propriamente ditos , dando um "horizonte" ricamente ilustrado e um texto de grande interesse para aqueles que pretendem conhecer graficamente o conflito.
Em formato grande, capa dura e miolo em papel couché (um verdadeiro "catatau" de 2 quilos 690 gramas) é um tesouro: perfis dos políticos e comandantes, batalhas, a diplomacia, enfim, uma ampla "cobertura" dos fatos.
Editado pela Editorial El Ateneo pode ser encontrado no sítio http://www.tematika.com ou nas livrarias do Grupo Ateneo em Buenos Aires e outras localidades argentinas. 
Fortemente recomendado!!!


MALVINAS - LA TRAMA SECRETA - OSCAR RAUL CARDOSO, RICARDO KIRSCHBAUM E EDUARDO VAN DER KOOY

Divido minha biblioteca malvinera em alguns grandes grupos: os livros que são um testemunho fotográfico do conflito, representado pelos dois livros acima que tem forte apelo de imagens, livros de combatentes, como Operação Rosário e 1093 tripulantes do A.R.A. General Belgrano, os livros e atlas ingleses, conforme expreso no meu primeiro artigo sobre o assunto (para ler clique aqui), compilações e obras que costumo chamar de "centrais" , ou seja, aquelas que explicam com detalhes os bastidores do conflito, suas complexidades, idas e vindas de um conflito como Malvinas.
Nesse sentido, "Malvinas la trama secreta" é um que particularmente colocaria no topo de quaisquer recomendações. Kirschbaum, Van der Kooy e Cardoso eram repórteres do Clarín e já no outono de 83 entregavam uma rigorosa investigação jornalística que coloca , com todas as tintas, a improvisação, o despreparo, a falta de um cálculo estratégico minimamente coerente com a realidade de um mundo ainda tensionado por uma Guerra Fria que ainda demoraria sete duros anos para ser superada, as alianças tradicionais, o isolamento progressivo de uma Argentina que iniciou a guerra contando com a falta de reação inglesa e uma neutralidade fantasiosa dos americanos (algo que dizem que os "yanquis" venderam mas me parece mais inferido de onde não se devia), a aproximação do movimento dos não alinhados (que a Argentina rejeitara a dizer-se participante) e guerra, o cerco, a derrota e a derrubada do processo, dando um entendimento que será fortalecido por outros livros que comentaremos futuramente aqui.
Por sua precedência é um livro importante mas também é de se notar que essa edição atualmente em circulação conta com importantes aportes vindos dos documentos revelados recentemente.
Uma obra de referência.


Tenho mais livros "malvineros" para comentar mas por hoje ficamos por aqui. Até a próxima!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Choripan: a correção de uma injustiça

Desculpem a bronca de início mas eu jamais vi na imprensa uma matéria que fosse honesta com essa verdadeira delícia , que tivesse a preocupação de passar para o público leitor  a vontade de comer não apenas um mas várias porções dessa iguaria inigualável chamada de CHORIPAN.
Choripan é sim um pão com uma linguiça  e um molho: será que um argentino concordaria sem tanto reparo essa descrição simplória e que deixa de lado a verdadeira enormidade que um simples sanduíche pode ter.
Choripán com chimicurri
Primeiramente: a questão fundamental de fazer um prato que se desfrute é criar a ambientação para que alguém possa fazer a sua refeição, por simples que possa ser, uma forma de integrar-se ao meio. O choripán consegue fazer isso, seja feito em uma barraca, em uma "parilla" que aproveita estacionamentos vazios no fim do mês , sempre à carvão (que a estupidez oficial argentina (portenha) quer acabar) e um dos grandes brindes que a mão argentina legou à humanidade, especialmente a desse hemisfério: um pão que mesmo quando não acerta "na mosca" é bom. 
Por favor, não achem esse artigo concluído, deixe-me falar sobre o "chorizo" , a que reduzimos a uma "linguiça". Cumpre esclarecer que "chorizo" lá, não é o "choriço" daqui. Chorizo daqui, a outrora deliciosa linguiça de sangue, é "morcilla" , portanto, não tenha prevenções e desista antes de chegar onde posso comer um.
O "chorizo" do choripán é uma linguiça distinta da nossa, com menos mas muito menos mesmo, gordura. Não há aqueles grumos que estamos acostumados mas o suficiente para que ela não fique dura. Na "parilla" , ele é assado na forma correta e já é um espetáculo para os olhos.
Ao ser servida, o chorizo é "resgatado" da parilla , aberto e colocado no pão. Pronto? Poderia ser mas não está  e ainda bem! Há um complemento delicioso chamdo "chimichurri" um "molho" de condimentos como salsinha, alho, orégano, pimenta vermelha moída, pimenta, louro, pimenta do reino negra, mostara em pó, salsão vinagre , cebola, tomilho, vinagre e azeite de oliva compondo o complemento ideal para que o choripán seja esse objeto de deslumbre que agrada quem o prova.
Onde comê-lo? Você pode comer até no elegantíssimo Pátio Bullrich com garfo e faca mas olha, te digo com honestidade, a melhor experiência que eu tive foi comprar um en San Telmo ou então na frente da Igreja de Nuestra Señora del Pilar, na Recoleta, numa barraquinha e sentar no gramado e desfrutá-lo, um gesto tão portenho!!! 
Aliás, li no "La Nación" com muito contragosto a notícia que o governo de Macri quer que as barraquinhas da Costanera deixem de fazer o choripán em parilla e faça em o façam em dispositivos à gás . Estou querendo formar o Movimento dos Brasileiros amantes do CHORIPÁN, de setores organizados da sociedade culinária argentina e fazer um movimento para salvar a tradição da culinária do país vizinho e manter viva essa instituição que tanto nos dá prazer e gosto nas visitas que fazemos à Argentina. 
Alguém se associa?