domingo, 4 de novembro de 2012

Museo Evita - Anotações de uma visita

O Museu Evita
Este blogue tem uma curta trajetória e, ao menos por enquanto, nenhuma postagem custou tanto a sair. Cheguei da Argentina em princípios de agosto e muitas visitas forma impactantes mas nenhuma como a visita o Museo Evita, uma casa que poderia estar perdida na Rua Lafinur mas reveste-se de uma mística digna da ex-primeira dama, ou para fazer jus à idolatria que os argentinos atribuem à Evita, a eterna primeira dama do país de nossos vizinhos.
Maria Eva Duarte de Perón é uma figura que inspira amor e um ódio que soa quase incompreensível à nós brasileiros dentro da perspectiva que nem chega a aproximar-se do caráter passional dos argentinos. Lá, acostumem-se , a imparcialidade, aquela que afasta de posições, é mal vista, corta a possibilidade da divergência e do debate, tão caro numa roda de conversa.
Evita morreu jovem, de câncer e teve tempo de fazer uma obra que perdura até hoje e sua figura ultrapassou os limites da história para ser um verdadeiro mito que ultrapassou os anos sendo que muito está expresso com maior ou menor exatidão no museu.  Não é demais lembrar que quando conta-se uma história não há um recorte absolutamente "correto" e historicamente cem por cento perfeito.
Note-se , por exemplo, a sua origem: a mãe de Evita, Juana Ibarguren, foi amante de Juan Duarte e dessa relação nasce Eva. filha jamais reconhecida. Quem não conhece a história e visita a sala do 1o. andar tem uma visão equivocada de que havia alguma relação socialmente aceitável dos pais de Eva apesar de ressaltar o esforço hercúleo que Juana faz para prover a educação e os meios necessários para a jovem que transferiu-se com a mãe primeiramente para Junin e depois para a própria Buenos Aires e foi aí que o destino criou todas as condições para que o encontro com Perón encontrarem-se.
Entrada do Museu
Esse momento viria no bojo de uma carreira muito bem sucedida na rádio, o grande veículo de comunicação de massa e que fez de Evita uma estrela , a projetou nacionalmente e , acontecendo a primeira catástrofe, um terremoto, o auxílio em levantar provisões para minimizar o infortúnio o que a proximou do Ministro do Trabalho e Provisão, Juan Domingo Perón, um encontro enunciado pela própria Evita como uma mudança radical na vida dela, trajetória documentada por fotos , revistas, sons  e luzes.
A figura de Evita "capitana" é construída na base da complementariedade em relação à Perón, e aqui faço uma tese ousada mas que para mim é válida, consumada na "consigna" 
"Perón cumpre, Evita dignifica", distinguindo de um lado o institucional e o mais próximo dos "descamisados" , aproximando Evita do povo e trazendo consigo a figura de Perón, tornando indissociável a dobrada que só não se consumou institucionalmente porque ela já se encontrava muito doente quando foi proposta a fórmula "Perón-Perón".
Os vestidos de Evita
O grande "frisson" é a coleção de elegantíssimos vestidos que compuseram um guarda roupa digno de alguém que representava um país que queria ser visto de forma diversa. Como as fotos dessa postagem revelam são trajes maravilhosos e ainda deslumbrantes.
Que ninguém, todavia, engane-se quem imaginar Evita como uma pessoa frívola e superficial, ao contrário, era uma pessoa obstinada e determinada na sua tarefa de auxílio e promoção social.
A própria sede da Av. Lafinur era uma casa de trânsito onde mulheres que vinham à Buenos Aires cuidar de suas tarefas e não tinham onde hospedar-se e o retrato desse trabalho está expresso na última sala que conduz à saída do museu, o retorno à primeira sala ou à lojinha do museu onde pode-se comprar a principal obra da própria Evita, um verdadeiro "testamento" da primeira dama, "La Razón de mi vida" e um café, verdadeira instituição buenoairense que  em um dia de frio como foi o que visitei o museu , é um descanso muito bem vindo.
... Evita dignifica
Dessa visita talvez eu saia com dois sentimentos mais do que conclusões: é muito difícil para nós brasileiros entendermos o mito Evita. O nosso desenvolvimento social e econômico foi extremamente diferente do argentino e, apesar de semelhante, a exclusão argentina foi aprofundada pelas características de isolamento de muitas comunidades, entre outros fatores.
A própria características das obras assistenciais na Argentina na década de 1940 , época que Evita surge no cenário argentino e mais, o preconceito que a condição pessoal de Evita inspira entre a elite "patrícia" que a desprezava e também , á meu juízo, o papel central que Evita cumpre no peronismo. 
Se é verdade que ela não tem, como já dissemos, o poder político, ela tem a a proximidade do povo por trazer o conforto e o alcance das obras do Estado argentino que se encontravam distante do cidadão comum e que guarda em sua memória, até hoje, os benefícios que recebeu. 
Tenho um amigo argentino que me conta com indisfarçada emoção o "kit" de materiais escolares que recebia da Fundação Evita. 
Portanto, avaliar o papel de Evita é ter em conta tudo o que foi feito em uma vida tão curta e tão intensa, tipicamente argentina.

Serviço:

Localização: Lafinur , 2988 - Buenos Aires
Telefone: +54 11 4807-0306

Como chegar:

Metrô (Subte): Linha D, estação Plaza Itália (pela Av. Santa Fé)

Ônibus (coletivos): 12, 29, 36, 39, 55, 68, 111, 152 (pela Avenida Santa Fé), 10, 15, 37, 41, 59, 60, 64, 93, 95, 108, 118, 128, 141, 160 e 188 (pela Avenida Las Heras). 

Horário do Museu

Terça à domingo  das 11 as 19 horas com entrada até 30 minutos do fechamento.

Não abre às segundas-feiras, 1o. de janeiro, 1o. de maio, 24, 25 e 31 de dezembro

Ingresso:

Entrada geral:  15 pesos
Com visita guiada: 35 pesos

Site: http://www.museoevita.org
Informações: info@museoevita. org

Dispõe de loja e restaurante/bar

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