quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Propagandas argentinas: Aerolineas Argentinas

Me encantó! Lo que nos pertenece más que nuestros sueños?


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Leituras argentinas - Lagrimas de Hielo -Natasha Niebieskikwiat

Ninguém em são consciência pode pretender que uma guerra seja um momento de exercício estritamente profissional como cada um de nós faz em seu dia a dia. Mesmo em uma tropa altamente profissionalizada, que sabe o que tem pela frente, o princípio básico que rege o dia a dia das tropas é o da sobrevivência.
Como já foi dito, primeiro por si e por sua sobrevivência e depois pela Pátria e pela honra e, por mais paradoxal e inconfessável, esse é o princípio que rege a "diplomacia por outros meios" como diria Clausewitz ao referir-se à guerra. 
No caso desse livro em particular, Lagrimas de Hielo (Lágrimas de Gelo) da jornalista argentina Natasha Niebieskikwiat, não seria tão absurdo considerar o que se relata como um exagero mas, infelizmente, não é. E as denúncias são gravíssimas como poderá se ler.

A GUERRA A TRAVAR E AS TROPAS ARGENTINAS

A questão da motivação para ir às Malvinas são objeto de discussão dentro da própria Argentina, com alguns (maioria) defendendo que a invasão deveu-se à um impulso de manutenção da ditadura argentina que estava com problemas graves na economia e já com contestações graves de ambos os aspectos e outros como Nicolás Kasanzew que não associam diretamente à tentativa de preservação da ditadura mas sim à concretização de um reclamo argentino que tinha se prolongado por mais de vinte anos e que estava, ao menos na fase da intenção, a ponto de se concretizar.
O chocante livro de Natasha Niebieskikwiat
No entanto, por mais tempo que tivesse para ser  pensada e planejada, o que se viu foi uma tropa majoritariamente de conscritos, ou seja, pessoas que estavam prestando o serviço militar obrigatório, com diversos graus de instrução, normalmente sofríveis, já que a classe de 63 estava incorporada a pouco tempo e a classe de 62, com muitos já fora dos quartéis, os chamados "chicos de la guerra" foram mandados, alguns informados em última hora, foram despachados para ilhas inóspitas, próximo ao inverno, com temperaturas baixo zero.
O chamado "cálculo estratégico" que nem era cálculo e muito menos estratégico, é que os Estados Unidos  ficariam neutros e a Inglaterra não reagiria, ou seja, a principal potência com passado colonialista,  deixariam para lá um território que ocupavam e suportariam ver suas tropas Royal Marines com o rosto no chão e rendidas. 
Sobretudo, o governo de plantão em Buenos Aires esqueceu-se que Tatcher também estava passando um momento político e econômico extremamente delicado e à ela conviria ter um momento de união nacional? Porque não uma guerra ou como diriam os Buzzcocks, "Let´s start a war, said Maggie one day". Estava tudo pronto para a tragédia.

CORTANDO OS SUPRIMENTOS E GERANDO CASTIGOS

As tropas argentinas foram dispostas pelo continente, em diferentes locais, alguns de acesso muito restritos, para fazer frente à uma possível resposta inglesa. Quando essa se efetivou,  o afundamento do ARA General Belgrano e o cerco aéreo feito pela RAF, cortou as linhas de suprimento tanto de armamento mas principalmente de comida e roupas para as tropas já estabelecidas, em grande número.
Obviamente, com esse estrangulamento, a maioria dos soldados estava despreparada, desprotegida, sem condições de alimentarem-se de forma condizente com um soldado próximo à batalha.
Esse fato, longe de ser um momento de uma falha logística vem a condicionar muito dos motivos pelos quais os fatos relatados no livro, entre mortes por fome, privações como momentos de absoluta crueldade, como estaqueamentos e outras formas de punição que beiraram o absurdo absoluto.
Matar uma ovelha era motivo para que os soldados fossem colocados semi-nus no chão úmido e frio do inverno do sul o que provocou amputações e problemas de saúde que se perenizaram.
Além do mais, é de se notar que os altos mandos argentinos desprezaram os relatos dos médicos que indicavam graves casos de desnutrição o que abalou o poder combativo e, apesar do empenho das tropas foram fatores decisivos no desgaste do grosso das tropas colocadas no arquipélago.

O PÓS-GUERRA E A FALTA DE JUSTIÇA

Os que voltaram foram escondidos, realimentados para parecerem menos debilitados e são obrigados a firmar documentos que  los impedia de denunciar junto aos órgãos de justiça os abusos sofridos. Muitos calaram não apenas por conta do compromisso firmado mas também pela intensa humilhação que sofreram e do qual demoraram a se recuperar e quando o fizeram não tiveram seus reclamos não reconhecido como crimes de lesa humanidade, um debate que segue e que ainda está para serem resolvidos assim como as gestões junto aos ingleses para reconhecer os mortos ainda sem identidade conhecida.
Como se pode perceber esses assuntos que delineamos aqui e são abordados no livro e que merece uma leitura detalhada e com o interesse do conhecimento não apenas da história argentina mas de nosso continente. Uma história que nós brasileiros desconhecemos o que é lamentável. Recomendações sinceras.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Argentina: As bodegas de Mendoza - Parte 1

Leitores do "Notas da Argentina", bom dia/tarde/noite!

De volta da capital argentina, aproveito para publicar informações e curiosidades sobre alguns lugares e eventos que passamos nesses quinze maravilhosos dias. 
O destaque foi minha ida , juntamente com minha namorada Denise, à Mendoza e nas visitas às bodegas que foram quatro: Catena Zapata, Norton, Chandon e a Rutini (La Rural).
Escolhi um critério extremamente pessoal, passional e parcial, não necessariamente nessa ordem: quais foram as visitas que mais me agradaram? Onde aprendi mais? O que recomendo aos meus leitores?
Prédio Bodega Norton
Eu, como um ignorante do mundo dos vinhos tenho por prioridade não apenas provar mas conhecer processos, entender a sensibilidade que o vinho deve passar para tornar-se esse produto ainda pouco conhecido e degustado no Brasil, bem ao contrário da Argentina onde tomar um vinho é um ato de prazer, de ato normal e cotidiano o que afasta uma certa arrogância que às vezes vemos por aqui.
Agora, sem papos, vamos visitar nossa primeira bodega ,  a BODEGA NORTON.

VISITA "CRESCENDO JUNTO AO VINHO"

Fundada em 1895 por James Paul Norton, hoje a vinícola pertence ao empresário austríaco Michael Halstrick que colocou a bodega entre uma das principais da Argentina e localiza-se em Lujan de Cuyo.
Existem duas visitas possíveis , a "Visite nossa Bodega" e "Crescendo junto ao vinho" sendo que na segunda, a qual fizemos, provam-se os vinhos e também percorre-se a fábrica para conhecer o processo de fabricação.
Tanques de aço inox: o vinho começa aqui
Para mim, isso foi precioso: o nosso guia, Juan, repassou toda a área da fábrica, provamos o vinho nas diversas etapas de fabricação, com informações excepcionais acerca do cuidado requerido em cada etapa.
Acredito que esse seja o grande trunfo da visita, o que nos torna íntimos dessa bebida tão agradável. Depois de uma prova do vinho acabado (na verdade quatro vinhos), provar de um mosto que está nos tanques de aço inox nos permite sentir a "agressividade" do futuro vinho e entender todo o trabalho que vem pela frente. 
As informações seguem e também prova-se do vinho já no tonel de carvalho, ou roble como chamam os locais. 
Mais uma prova: sentem-se os sabores aflorando, tomando corpo, criando uma personalidade. As informações são passadas de forma agradável, que não "saturam" os ouvintes de forma que qualquer leigo pode compreender e notei muito a compreensão com os estrangeiros que possam não ter domínio total do idioma castellano.



CAVE: UM ESPETÁCULO À PARTE

Cave Bodega Norton
Imagine um lugar escuro mas que guarda centenas, não, milhares de garrafas de vinhos de diversas uvas, de muitos anos diferentes, guardados para desenvolver a aperfeiçoar mais e mais as qualidades de um vinho de guarda. A cave da Norton não decepciona qualquer amante de vinho e as explicações derrubaram muitos mitos que eu particularmente tinha acerca da conservação dos vinhos de guarda o que para um leigo como eu foi fundamental. Que espetáculo!

Para finalizar, trata-se de um detalhe que para o leigo pode ser negligenciado mas não pode e não deve ser deixado para lá, o "corcho" ou seja, a rolha. Normalmente feita em cortiça tem sofrido com a escassez do material que requer uma árvore de maturação longa e que tem cada vezes menos disponibilidade. Elas vem progressivamente sendo substituídas por rolhas sintéticas ou mesmo garrafas de rosca o que causa arrepios aos mais puristas mas torna-se uma realidade cada vez mais presente.
Também há o cuidado com a fabricação das garrafas dentro do princípio de uma gestão ecológica dos recursos, ponto de honra para a Norton.
Sou bastante sincero em dizer que não conhecia os produtos da Bodega Norton, não por indisponibilidade mas por puro e simples desconhecimento da excelência dos vinhos produzidos aqui. 
Pensa que a visita acabou? Tendo se iniciado de manhã, com visita e provas de vinhos? E para o estômago, não vai nada?

Carvalho francês: nobreza ao vinho


LA VID RESTAURANT

Ai, ai! Depois de todas as visitas, caminhadas, provas de vinho e compras de várias garrafas a preços muito bons, chegou a hora de almoçar no "La Vid Restaurant" anexo à bodega.
Meus deusos da gula e do prazer gastronômico!!!! Eu e Denise cometemos a ousadia de escolher uma degustação de oito passos. Fala sério, o que foi aquilo!!! Tudo muito gostoso, com porções adequadas e vinhos que estavam absolutamente harmonizados com os gostosos e variados pratos.
No entanto, reconheço, não é uma tarefa para pessoas sem muita disposição para comer. No entanto, caso você não seja tão "ninja" há muitas opções, inclusive uma degustação de cinco passos ou uma ampla carta com opções para todos os gostos.

Se fosse me pedida uma avaliação da visita, diria que a Norton compreendeu muito bem a importância de uma visita para reforço da marca. Quem sai de lá, sai com uma visão diferenciada da marca "Norton" valorizando muito os produtos aos olhos do consumidor já conquistado ou potencial, o que foi meu caso. Recomendo fortemente uma visita.
Em uma próxima oportunidade, farei algumas considerações acerca da "La Rural". Até lá!

Para conhecer o site da Bodega Norton, clique aqui.