“Os guerreiros são os verdadeiros pacíficos. Não pacifista,
pacíficos”.
Pierre Closterman no documentáiro “Um brasileiro no Dia D”
O que faz um
jovem de treze anos ser tão fascinado
por um tema tão árido como a guerra? Uniformes, armas, aviões? Impossível
saber. No entanto, foi esse tema que ocupou meu tempo de intervalo de aulas por
pelo menos dois anos sempre como algo distante no tempo e no espaço.
Como poderia
adivinhar que poucos anos depois a guerra estaria mais próxima do que se
poderia imaginar? De muito perto a mais distante, acompanhei a Guerra das
Malvinas com uma paixão desmedida, sem encontrar paralelo.
Tanto isso é
verdade que outro dia, em meu escritório, recebi uma pessoa para tratar de
assuntos diversos e ao final, na sagrada hora do café, ele me perguntou:
- Desculpe
mas você não estudou no CLQ?
Ante minha concordância
me fez uma afirmação surpreendente:
- Pois
então, eu lembro de você nos explicando acerca da Guerra das Malvinas no
ônibus. Você nos explicava sobre armas, aviões, barcos, as batalhas... Tanto
que quando fui à Buenos Aires lembrei do que nos falava.
Talvez isso
permita aquilatar o espaço que essa guerra sobre a qual ainda encontro-me ainda sedento por
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Minha primeira visita ao Cenotáfio - Junho de 2011 |
Essa última
dimensão tenho, com muito orgulho, satisfeito através do contato com pessoas de
diversas armas mas a dimensão dos mortos tive quando fui à Buenos Aires em
2011, através do Cenotáfio.
Confesso que
, ao resgatar as memórias daquele momento no inverno daquele ano da volta,
a sensação foi de um extremo vazio.
Senti um impulso de saudá-los militarmente mas o que consegui fazer foi olhar
para aquelas placas de mármore negro em
fundo vermelho e ter a dimensão imprecisa de quantos faleceram, imprecisa por
ser um nome mas que remetia a histórias que, ao menos parcialmente, fui
conhecendo por relatos em livros e na memória de cada veterano que me coube
conhecer.
Ali está o
nome de Julio Cao, o professor que escrevia cartas para seus alunos , de Martel
cujo avião Hércules foi derrubado por um Harrier, os 55 pilotos da Força Aérea, dos 323 marinheiros do Belgrano, pessoas que
fizeram o maior sacrifício que qualquer um possa fazer. Aquele momento
foi o confronto definitivo com a crueza da guerra só superado por aqueles que
viveram pessoalmente a realidade dela. Não digo que meu gosto por assuntos
militares tenha diminuído, impossível, é parte de mim mas como um imã , aquele
monumento em Retiro me chama à realidade e, sinceramente, gosto do fato dele
ser chamado, singela mas poderosamente de “A los caídos em la gesta de Malvinas
y Atlântico Sur” até porque o título de “herói” é algo muito particular e com
sentidos muito divergentes, dependendo de sua posição em um conflito.
Sinceramente,
não arriscaria um prognóstico sobre o desenlace da chamada “questão Malvinas” e
o justo reclame argentino por elas, apenas penso que jamais uma guerra volte a
ocorrer na questão da soberania pleiteada.
Confesso que
sou inocente o suficiente para seguir acreditando que a “pena é mais poderosa
que a espada” e que aos conflitos se
possa contrapor a capacidade de negociação e resolução pacífica para que não
tenhamos mais monumentos e todos os heróis sigam vivos.
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